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Efeito Orloff

Lier Pires Ferreira

Phd em Direito/UERJ. Professor do Ibmec e CP2

Os mais jovens não vão se lembrar, mas, nos anos 1980, o publicitário paulista Jacques Lewkowicz criou um dos mais famosos bordões da propaganda brasileira: Eu sou você, amanhã. A ideia é tão simples quanto genial. Um cidadão, ao pedir sua bebida em um bar, via a si mesmo no dia seguinte, feliz e bem-disposto. Ao deparar-se consigo mesmo, perguntava: Quem é você? Em resposta, ouvia: Eu sou você, amanhã. Uma linda mulher se aproximava e, ao final, a conclusão da peça publicitária: Pense em você amanhã. Exija Orloff hoje. O sucesso da propaganda impulsionou a venda da vodka Orloff no país e fez com que o chamado Efeito Orloff passasse a ser largamente utilizado na análise política e econômica. Nos anos 1990, inicialmente o Efeito Orloff serviu para comparar o Brasil e a Argentina e, posteriormente, para qualquer situação na qual a realidade de um país, organização ou pessoa pudesse ser vista como o prenúncio da realidade de outro. É o que está ocorrendo hoje, no Brasil.

No âmbito de uma sociedade extremamente polarizada, as eleições presidenciais de 2018 tiveram nítido caráter plebiscitário, opondo o petista Fernando Haddad e o pesselista Jair Bolsonaro. No imaginário político-popular, estava em jogo a herança dos governos petistas e a luta pela moralidade pública. Nessa disputa, os adeptos do lulopetismo apontavam para os avanços sociais dos governos petistas ao passo que seus críticos focavam nos escândalos de corrupção que, ao fim e ao cabo, levaram o ex-presidente Lula à cadeia. Tratou-se de um pleito espetacularizado, em grande parte protagonizado pelas redes sociais, na qual Haddad era sistematicamente tachado de comunista e Bolsonaro rotulado de fascista.

Nos porões da Economia, contudo, o jogo era mais sofisticado. A escolha entre Haddad e Bolsonaro era a luta entre o projeto neodesenvolvimentista do PT em oposição à agenda neoliberal do candidato pesselista. Bolsonaro venceu e a agenda liberal vem sendo implantada no país. Sob o lema “Mais Brasil, menos Brasília”, outra ótima peça de propaganda, os arautos do neoliberalismo anunciam o alvorecer de uma nova era, na qual a plena liberdade econômica trará mais trabalho e riqueza para todos os brasileiros. Mas, até aqui, isso não está acontecendo. A concentração da renda é crescente, os salários médios caem, o trabalho formal patina e milhões de desempregados e desalentados recorrem à informalidade ou à pejotização-empreendedora para sobreviver. Embora o governo tenha poucos meses, cresce a desconfiança de que as benesses da “nova era” podem até contemplar aos interesses das elites empresariais e financeiras, mas não trarão benefícios aos trabalhadores, em especial os mais pobres.

Medidas como o avanço das privatizações, a diminuição dos gastos estatais, o ataque ao salário dos servidores públicos, a redução dos direitos trabalhistas e a reforma da previdência, ora em curso no Brasil, agradam ao mercado, mas fulminam a renda e deterioram a vida dos trabalhadores. Elas fracassaram em países como Espanha, Grécia, México e Portugal, e os brasileiros começam a perceber isso. Para essa percepção, contribuem não apenas as atuais dificuldades do “povão”, mas, também, a visão das lutas populares no Chile e no Equador. Mas o golpe mais duro no projeto neoliberal parece vir da Argentina. A vitória do peronista Alberto Fernández, em 27/10, evidenciou o desastre do governo liberal-conservador de Mauricio Macri, no qual a inflação e a taxa de juros dispararam, a moeda desvalorizou-se, a dívida externa quase duplicou e o poder de compra dos trabalhadores foi à pique. Para os atuais ocupantes do Palácio do Planalto, fica o alerta: ou o governo destrava a economia ou há grandes possibilidades de que muito em breve Macri “diga” à Bolsonaro: Eu sou você, amanhã.




 







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