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À sombra do extremismo

Lier Pires Ferreira
PhD em Direito.
Professor do Ibmec/RJ do CP2


Em 2010, o ativista Richard Spencer fundou o site AlternativRight (Direito Alternativo) tornando-se, de imediato, um ícone entre os supremacistas brancos dos EUA. Embora a expressão alt-right (forma contrata de alternativ right) tenha sido cunhada dois anos antes pelo filósofo (paleo)conservador Paul Gottfried, foi Spencer quem definiu seu conteúdo extremista e sua inarredável vinculação ao neonazismo. O alt-right, hoje mais conhecido como “direita alternativa”, é um movimento extremista, ultranacionalista, xenófobo, racista, sexista, machista e homofóbico que se manifesta privilegiadamente em ambientes digitais.

Como outras redes de auto-conexão, a alt-right tem militantes em diferentes partes do mundo. Refratária a qualquer manifestação do humanismo liberal, possui falanges digitais que utilizam as novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC) para acossar adversários políticos e ridicularizar visões de mundo que contradigam seus valores. Tais falanges utilizam recursos como fake-news (notícias falsas), “trolagem” política (zoeira, escárnio e outras práticas de agressão não-físicas) e factoides (informações veiculadas para chamar atenção e/ou ludibriar) como mecanismos de disputa política, desinformação e captação de novos adeptos.

Integrada ao núcleo ideológico do governo Trump, em especial pela influência do estrategista Steve Bannon na Casa Branca, a alt-right está entranhada no governo Bolsonaro. Diversas manifestações corroboram essa assertiva. O vereador Carlos Bolsonaro, tido como o principal articulador da milícia digital do pai-presidente, já perpetrou inúmeras fake-news, sendo, inclusive, alvo da CPI correspondente que tramita no Congresso Nacional. Recentemente, em um comportamento reiterado, o presidente Bolsonaro “trolou” um jornalista que lhe arguiu sobre as relações do filho-senador, Flávio, com o miliciano Fabrício Queiroz, retrucando: você tem uma cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Já no campo dos factoides, a “ministra da distração”, Damares Alves, parece hors concours. Desde “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”, a “eu vi Jesus na goiabeira”, a titular da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos é pródiga em criar polêmicas flácidas que buscam empoderar grupos conservadores, deslegitimar o campo progressista e desviar a atenção da população e da mídia para as grandes transformações expelidas principalmente pelo Ministério da Economia.

Mas há manifestações ainda mais graves da alt-right tupiniquim. A mais repulsiva ocorreu há alguns dias, quando o então secretário da Cultura, Roberto Alvim, parafraseou o ideólogo nazista Joseph Goebbles durante o Prêmio Nacional de Artes, tendo ao fundo uma ópera de Wagner, compositor alemão adorado por Adolf Hitler. Do texto à estética do próprio Alvim, que no passado desacatara a atriz Fernanda Montenegro, tudo remetia ao nazismo. Descuidado, Alvim expôs uma face sombria do governo e por isso foi sumariamente demitido. Outra expressão da alt-right que circunda o Planalto é Benedito Guimarães, recém escolhido para a presidência da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Indicado pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub - olavista de scoll ora às voltas com os equívocos do ENEM e flagrado nas redes sociais atendendo pessoalmente a um apoiador do presidente Bolsonaro cuja filha teve uma nota baixa na redação -, Guimarães é adepto do Design Inteligente, vertente pseudocientífica que nega a ciência e a história em favor de uma perspectiva criacionista para explicar a origem da vida e do universo. Trata-se de uma escolha incoerente e potencialmente nefasta para o órgão que avalia e fomenta os programas de mestrado e doutorado no Brasil.

Mas, afinal, por que Alvim e Guimarães são personagens tão nocivos ao país? Em sua contradições, eles trazem à tona o fato de que, para além das “trolagens” do presidente Bolsonaro ou do conservadorismo neopentecostal de Damares Alves, há um núcleo extremista, de feição neonazista, incrustrado no governo. Ainda não há qualquer comprovação de que esse núcleo perpetre ações de violência ostensiva contra opositores e desafetos, nos termos consignados pelos Camisas Pardas, a tropa de assalto nazista responsável pelo silenciamento dos desafetos do führer, embora seja necessário reconhecer que as fake-news são uma expressão da violência simbólica fartamente presente na política brasileira, sendo praticada não somente por adeptos do presidente Bolsonaro. Portanto, ao fim e ao cabo, figuras como Alvim e Guimarães são nefastas pois escancaram que a alt-right está solidamente alocada no governo Bolsonaro, pondo em risco valores fundamentais como a tutela dos direitos humanos, o pluralismo político e o próprio desenvolvimento científico e tecnológico, além de recolocar o Brasil à sombra do extremismo político.




 







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