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O BRICS e os esforços pela vacinação contra a Covid-19

26/02/2021

Lier Pires Ferreira, PhD em Direito.
Professor do Ibmec e do CP2.
Pesquisador do LEPDESP e do NUBRICS

Surgido há pouco mais de 70 anos, o Estado de Israel é um sucesso na vacinação contra a Covid-19. No momento em que esse texto está sendo redigido, 1/3 de sua população está recebendo a segunda e última dose da vacina Pfizer/BioNTech, liberando o país para a retomada das suas atividades socioeconômicas. Por seu turno, no Brasil, em 25/02, na mesma noite em que o Flamengo comemorou seu octacampeonato nacional, o país chorou a morte de 1.582 pessoas, recorde de óbitos desde que o pandemônio da pandemia  se abateu sobre o território nacional, onde o novo coronavírus já vitimou mais de 250.000 brasileiros.

Evidentemente, Israel e Brasil são países muito diferentes. História, cultura, dimensões físicas, contingente populacional, enfim, muitos fatores separam os dois países. Mas, no contexto da pandemia da Covid-19, o dado mais relevante foi a postura dos seus governantes. Enquanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu empenhou todos os esforços no combate ao vírus, no Brasil Jair Bolsonaro tripudiou sobre a doença, negou evidências científicas, prejudicou o trabalho dos profissionais da área médica e limitou a ação do próprio ministério da Saúde, ao trocar ministros e, por fim, fixar o general Eduardo Pazuello como titular de pasta.

Cloroquinazado por factoides e fake news oriundos do Palácio do Planalto, o Brasil apostou todas as suas fichas na parceria entre a FIOCRUZ e a Oxford-AstraZeneca, repudiando quaisquer outras parcerias, em especial o consórcio formado pelo Instituto Butantã e pela Sinovac, laboratório que ao longo de 2020 desenvolveu a CoronaVac. Fabricada pela China comunista, a CoronaVac foi desde sempre rechaçada por Bolsonaro, que, em uma entrevista à Rádio Jovem Pan, SP, em outubro de 2020, decretou: Da China nós não compraremos. É decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população pela sua origem.

Agora, diante da falência das políticas federais de vacinação, a população brasileira se põe a velha questão leninista: que fazer? Embora o anticomunismo anacrônico de Bolsonaro não admita, a saída pode estar no BRICS, bloco “maldito” formado por Brasil, Índia e África do Sul, além da China comunista e da Rússia, sucessora histórica da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, superpotência emergida no rastro da Revolução Bolchevique de 1917. É precisamente do BRICS que emergem as principais esperanças de que o Brasil possa virar o jogo da vacinação, salvando milhares de vidas. Isso ocorre pois, para além da sino-comunista CoronaVac, a Rússia avança com a Sputnik V ao passo que a Índia consolida a Covaxin.

Para que o Brasil possa beneficiar-se das vacinas produzidas no BRICS, contudo, o Palácio do Planalto deve abandonar a miopia ideológica que assola o Itamaraty e resgatar o pragmatismo que historicamente marcou sua chancelaria, desde Rio Branco. Se a base industrial, científica e tecnológica brasileira, progressivamente destruída desde os anos 1990 por diferentes políticas liberalizantes, já não é capaz de salvaguardar o país contra as ameaças externas, há que se adotar a velha máxima realista, segundo a qual na política e no comércio internacional os valores ideológicos têm peso relativo, pois o que importa são os interesses nacionais.

Nesse momento, portanto, cumpre perguntar: quais os reais interesses de Bolsonaro? Salvar vidas? Aprofundar seu combate ao “comunismo”? Blindar a si e aos seus contra as investigações do Justiça? Militarizar o país ou simplesmente preparar as condições para o seu próprio “18 Brumário”? Ainda não sabemos, mas, até aqui, nada indica que a vida dos brasileiros seja a prioridade do capitão-presidente.




 







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