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O verbo é “desbolsonarizar”,

23/01/2023

Lier Pires Ferreira
PhD em Direito. Professor do Ibmec e do CP2. Pesquisador do LEPDESP

Sobre o necessário antagonismo inglês ao nazismo, Winston Churchill dizia que “Essa não é hora de facilidade e conforto. É hora de ousar e resistir.” A frase cai como uma luva no Brasil atual, acossado pelo bolsonarismo, um movimento político radical, de inspiração nazifascista, que expressa o caráter reacionário, violento e militarista ínsito à sociedade brasileira.

Nem todo bolsonarista é um radical nazifascista. Dentre os seguidores do ex-capitão, há muitos honestamente ressentidos pelos equívocos do lulopetismo, pelas promessas traídas de nossa democracia e pelos câmbios inerentes à realidade social. Para estes, o desafio é construir uma direita democrática, genuinamente conservadora, que expresse seus valores tradicionais. Todavia, se o conservadorismo é uma das faces da democracia; o radicalismo nazifascista não. Por isso, é preciso “desbolsonarizar” o país.

A bolsonarização da sociedade brasileira é expressa por três diferentes faces. Por um lado, temos aqueles radicalizados em bolhas comunicacionais nas quais é travada uma guerra cultural e ideológica que fomenta um anticomunismo anacrônico, bem como comportamentos anti-intelectuais e anticientíficos, que rechaçam quaisquer expressões dos Direitos Humanos, salvo aquelas que resguardam seus próprios interesses. As redes sociais são o seu ambiente natural e o populismo digital sua linha de ação. Vem dessa lógica frases como “o Brasil vai virar uma Venezuela”, “nossa bandeira jamais será vermelha” ou que a fome entre os ianomâmis “é fruto do comunismo de Maduro e Lula”.

Por outro, os radicalizados do cercadinho também adotam posturas que negam a história e os avanços científicos. Em seu funesto “mundo de Alice”, buscam silenciar a reflexão e o questionamento, torturando os fatos e aparelhando o Estado, convertendo e cooptando aos que puderem. Os que não são arrebanhados são desmoralizados. Vem daí frases como “Lula é o anticristo”, “general melancia”; “GloboLixo” e “os militares perderam a honra”.

A terceira face refere-se à violência política e institucional. Os bolsonaristas radicalizados buscam intimidar seus “inimigos”. Por isso tentaram um golpe de Estado no dia 08/01. Tramado em instâncias por hora não completamente conhecidas, financiado por fontes ainda ocultas e maturado nos acampamentos “patrióticos” espalhados por todo o país, este golpe de Estado e os demais crimes perpetrados na Praça dos Três Poderes – de resto antecipados pela Abin e outros órgãos de inteligência - possuem o agravante de serem respaldados por policiais e militares, ou seja, exatamente por aqueles que deveriam evitá-los.

O general Arruda, por exemplo, habilmente afastado do Comando do Exército, se não pode ser acusado de tramar contra a democracia, era certamente leniente com os “patriotas” acampados diante dos QGs do Exército, avesso à punição de militares evolvidos em atos antidemocráticos e refratário a impedir a ascensão do tenente-coronel Mauro Cid à liderança do 1º Batalhão de Ações e Comando, em Goiás. Dava, assim, um claro sinal de insubordinação à supremacia do poder civil. Em tempo, Cid foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, sendo investigado no suposto escândalo de “caixa 2” que envolve ex-presidente.

Daí a importância da substituição de Arruda pelo general Tomás. Disciplinador e legalista, Tomás reconhece a necessidade de “desbolsonarizar” as Forças Armadas, Exército adiante, resgatando o primado da hierarquia e da disciplina na vida militar. Igualmente, parece estar alinhado à perspectiva de que as Forças Armadas devem ser forças de Estado, não de governo, devendo ser imediatamente despolitizadas.

Não será uma tarefa fácil. A despolitização das Forças Armadas tem como contrapartida a desmilitarização da política. Todavia, é inequívoco que inúmeros praças e oficiais, inclusive coronéis e generais, estão organicamente vinculados ao Messias. O mesmo acontece em forças policiais, estaduais e federais, igualmente radicalizadas e resistentes à autoridade constitucional do presidente Lula. O golpe de Estado tentado no dia 08/01 contou com a participação direta ou indireta de policiais e militares, bem como seus familiares.

A substituição de Arruda por Tomás foi um passo ousado, mas necessário para a afirmação do comando de Lula sobre as forças de defesa e segurança, para a despolitização das Forças Armadas e das polícias, enfim, para a prevalência do caráter democrático, republicano e constitucional da vida política brasileira. Mas esta é certamente uma tarefa inconclusa. Logo, em nome da democracia e da liberdade, temos que sair da zona de conforto e resistir ao radicalismo nazifascista. Tanto na vida civil quanto na vida militar, o verbo é “desbolsonarizar”.




 







A notícia em Primeiro Lugar

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