Morre Mujica, o melhor presidente da Améria Latina
O ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica morreu hoje, aos 89 anos. O político estava em cuidados paliativos após suspender o tratamento de um câncer no esôfago.
O que aconteceu
Em abril de 2024, Mujica anunciou que foi diagnosticado com câncer de esôfago. Em uma entrevista coletiva, o ex-político disse que descobriu o tumor em um exame de rotina, e que sua saúde ficou "muito comprometida". O ex-presidente também sofria de Síndrome de Strauss, uma doença imunológica crônica. Mas, em janeiro de 2025, ele disse que o câncer espalhou e que não seguiria o tratamento. Mujica explicou que a doença chegou ao fígado e que após o diagnóstico pediu aos médicos que não o fizessem "sofrer em vão". Ele contou que ele recebia cuidados paliativos para alívio da dor em casa. O político estava em 'fase terminal'.
Morte foi confirmada pelo presidente do Uruguai, Yamandú Orsi, nas redes sociais. "Sentiremos muita falta de você", publicou. Ainda em 2024, o ex-presidente do Uruguai passou por radioterapia e, após a remissão do câncer, precisou realizar uma cirurgia. Em setembro, Mujica foi hospitalizado quatro vezes em menos de duas semanas devido a distúrbios digestivos causados pela radioterapia. Ele precisou ser submetido a uma gastrostomia para garantir o "bom fluxo" de alimentos e para permitir que o esôfago danificado se reparasse naturalmente. Pepe encarava a morte com naturalidade.
"É preciso morrer.
Pertencemos ao mundo dos vivos, nascemos destinados a morrer. Por isso a vida é uma aventura maravilhosa. Mais de uma vez na minha vida a morte rondou a cama, desta vez parece que vem com a foice em punho. Vamos ver o que acontece", afirmou. Ex-presidente mantinha discurso otimista e incentivava a juventude. "Vou continuar militando com meus companheiros, fiel à minha forma de pensar, com minhas verduras e com minhas galinhas. Quero dizer às meninas e aos meninos do nosso país que a vida é linda, mas se desgasta. A questão é recomeçar a cada vez que cair e, se houver raiva, transformá-la em esperança", declarou após o anúncio da doença.
O câncer no esôfago está colonizando o fígado. Não tem nada que eu faça que consiga parar. Por quê? Porque sou um idoso e porque tenho duas doenças crônicas. Meu corpo não aguenta. Pepe Mujica, ao jornal uruguaio Búsqueda, em 7 de janeiro de 2025
Na sua despedida, Mujica também acenou para seus opositores. "É fácil respeitar aqueles que pensam parecido com você, mas você precisa aprender que o fundamento da democracia é o respeito aos que pensam diferente", disse. Por mais de uma vez ele se esquivou do "título" de articulista, falando que não interfere em ações do seu partido há mais de cinco anos.
Quem foi Pepe Mujica José Alberto Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935 em Montevidéu, capital uruguaia. Descendente de italianos e bascos, Mujica era filho de pequenos agricultores. Após a morte do pai, Mujica trabalhou como florista com a mãe. Pepe foi casado com Lucía Topolansky, senadora e ex-companheira de guerrilha. O casal morava em uma chácara em Rincón del Cerro, na periferia de Montevidéu, onde Mujica manteve as raízes familiares e continuou cultivando flores e hortaliças. Eu fui presidente, e neste país tem gente que passa disse Mujica ao jornal uruguaio Búsqueda. Quando presidente, ele renunciou a parte do salário e doou mais de R$ 1 milhão para um plano de habitação social. Pepe andava com um Fusca e não demonstrava ter apego material, comportamento que lhe rendeu o apelido de "presidente mais pobre do mundo". Foi representante da esquerda latino-americana e defensor da agenda progressista. Além de presidente, Mujica foi deputado, senador e ministro da Agricultura. Ele se aposentou definitivamente da vida política em 2020, quando renunciou ao cargo de senador por problemas de saúde.
Trajetória política
Ex-presidente entrou na vida política por influência da família. Mujica começou a militar pelo Partido Nacional, ao qual seus familiares eram filiados, e chegou a ser secretário-geral da juventude da agremiação. Em 1962, abandonou o partido e criou o União Popular, junto ao Partido Socialista do Uruguai. Guerrilheiro pelo Movimento de Libertação Nacional - Tupamaros, Mujica foi alvejado e preso. Em 1972, um ano antes do início da ditadura uruguaia, Mujica levou seis tiros e ficou em estado de saúde grave. Ele foi preso, e passou mais de uma década detido. O ex-presidente uruguaio afirmou que neste período aprendeu a "não se preocupar com os principais acontecimentos internacionais e o melhor da imprensa mundial, de segunda a sexta no seu email Informe seu email.
Mujica conseguiu fugir da prisão, mas só ganhou a liberdade após anistia decretada em 1985. Pepe conseguiu escapar da prisão duas vezes, e uma delas foi por um túnel que escavou com um companheiro. Após o fim da ditadura, foi solto pela Lei de Anistia, que decretou a soltura daqueles que cometeram delitos políticos a partir de 1962. Pepe criou o MPP (Movimento de Participação Política), que se tornou majoritário dentro da coalização da Frente Ampla em 2004. Em 1994, foi eleito deputado federal e, seguida, assumiu como senador pela primeira vez.
Foi designado ministro da Agricultura durante o governo de Tabaré Vasquez, no qual permaneceu até 2008. Pepe Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015 e conduziu reformas progressistas. O político investiu em planos sociais e na educação, sua principal promessa de campanha. Durante seu mandato, o país manteve política econômica moderada e avançou em direitos humanos e trabalhistas.
ASSISTA AO VÍDEO DE MUJICA COM PEDRO BIAL
Mujica descriminalizou o aborto, aprovou a legalização da maconha e defendeu população LBGT+. Em 2012, o então presidente descriminalizou o aborto, permitindo que as mulheres realizassem o procedimento até a 12ª semana de gestação. Em 2013, sancionou a lei que autorizava e a produção, a venda e o consumo de maconha. No mesmo ano, Mujica aprovou o "matrimônio igualitário", que permite o casamento legal entre pessoas LGBT. Pepe se aposentou definitivamente da vida política em 2020.
Após o período na presidência, foi eleito senador por novamente e os primeiros meses daquela prisão passei amarrado com arames. Na noite em que me colocaram em um colchão para dormir, me senti feliz. Às vezes, eu ficava dois meses sem tomar banho. E em absoluta solidão, com a visita de familiares uma vez por mês, principalmente de minha mãe.
O ex-presidente, no entanto, renunciou ao cargo por problemas de saúde e se aposentou em 2020 Brasil.
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