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Um Espírito Infeliz

Aplaudi quando soube que Jesus de Nazaré expirara pregado num madeiro, tido como um impostor, pedindo por seus algozes, o que não me pegou de surpresa, pois conhecia o sua capacidade de amar.

Cheguei a ter diversos atritos com Ele no curto espaço de tempo da sua missão. Com a voz de quem detinha no seu cerne um poder divino, conseguia expulsar-me com facilidade do contato com minhas presas e eu não tinha a menor condição de opor-me contra Ele, pois possuía uma força que anulava a minha, deixando-me um verme a regurgitar na sarjeta da minha própria escuridão.

Acompanhei-lhes os passos, depois daquele dia em que nos encontramos em Gerasa. Ele perguntou meu nome e respondi que era "legião". Mas minha resposta não surtiu o efeito esperado, não consegui intimidá-lo, apenas se apressou em dizer com a voz de um trovão que faz espantar o silêncio da noite:

- Sai deste homem imediatamente!

Eu ainda quis barganhar com ele que me lançasse numa vara de porcos que pastava ali próxima, mas, no entanto, não houve trégua. Tive que ceder ao seu talante impiedoso.

Depois disso, não tive mais sossego, pois outra coisa não sabia fazer a não ser perturbar a vida alheia. Naquele dia em que Ele mandou que eu me afastasse daquele homem que se feria nos sepulcros. Pensei muitas vezes em sorrir das suas palavras, mas as energias que me envolviam a alma fez com que eu sentisse que o desespero se apossava de mim. Relutei em resistir, mais tudo fora em vão.

Ele era como uma tempestade devastadora que colocava em ruínas todos os meus projetos, pois todo aquele que praticasse o mal em confronto com Ele, ficava em escombros morais, exposto ao relento dos piores predadores que rondam nos becos mais baixos da escuridão.

Fiquei a perambular, procurando vir à forra, mas Ele sempre estava bem protegido. Parecia até que possuía um campo magnético intransponível, pois nada conseguia penetrá-lo sem que fosse com sua autorização.

O procurei nos momentos difíceis de sua caminhada, na via dolorosa, quando os doutores da lei lhe tinham posto um madeiro, para com ele crucificar também todas as suas idéias revolucionarias. Porém, Ele era diferente, não se deixava intimidar com facilidade, era um mágico, porque sempre tirava algo dentro do seu coração que nos deixava de cabeça baixa. Ficávamos irados pelos exemplos que recebíamos, devastando-nos os campos empestados de ervas daninhas, o que nos provocava descontentamentos visíveis.

Do meu ponto de observação, torcia para que fosse derrotado, mas, no entanto, os seus argumentos eram por demais convincentes, sem contradições. Ensinava sempre que o dizer de um homem deveria ser: "sim, sim, não, não."

Soube que Ele resistira bravamente quando, no inicio do seu ministério, uma falange perversa o levaram ao pináculo do templo e lhes ofereceram todos os bens do mundo para que desistisse da sua missão, mas Ele impôs a sua condição de luz diante da escuridão dizendo:

- Afasta-te de mim, pois esta escrito "a teu Deus adorarás..."

Alguns dias mais tarde eu vim saber que Ele era o filho de um Deus, um Deus de amor, onde o seu reino era de igualdade, de humildade e o mal não existia nos corações dos seus súditos. Aí compreendi que Ele fazia parte da falange de anjos, que, de vez em quando, desciam do céu para atormentar os que aqui na terra padeciam pelos seus próprios erros.

Jesus, como era chamado, não aceitou os bens que lhes foram oferecidos. Nada conseguia fazê-lo aceitar outro reino a não ser aquele que anunciava insistentemente, mesmo com muito dinheiro que fora lançado aos seus pés por reis, príncipes, rainhas, que infantilmente tentavam comprar uma gleba do céu que anunciava, sem com tudo conseguirem demovê-lo de suas idéias.

O ouvi, certa feita, dizer em resposta que os homens não amontoassem tesouros aqui na terra e sim no céu, onde as traças e a ferrugem não os destruiriam. Achei isto uma bobagem e pensei comigo mesmo: ninguém vai acreditar num reino fictício. Porém, nos dias subseqüentes foram se concretizando as suas palavras. Os seguidores se multiplicavam como grãos num campo promissor, sedentos de paz e de esperança, deixando todos os bens materiais para se dedicarem a este reino.

Como não tive condições de derrotá-lo em diversas investidas e vi seus seguidores crescerem assustadoramente por todos os recantos da Palestina, por mais escuros que fossem, procurei o apóstolo invigilante que caminhava com Ele e o fiz trair covardemente o seu mestre. Mas para meu espanto, vi em seus olhos, na ceia, que Ele sabia ser traído e que o traidor seria Judas, que estava sob o meu jugo.

Depois disso me rendi a este homem, a este ungüento que poderia fazer com que minhas feridas viessem a ser cicatrizadas, porque ele tinha as melhores propostas de paz e de felicidade no farnel do seu coração, a curar minha alma combalida, enferma.

Hoje procuro trilhar por este caminho de luz, procurando acender em meu coração as virtudes ensinadas por este semeador de estrelas. Sei que um dia participarei do seu céu, porque o ouvi dizer que tinha vindo para os doentes da alma e aceito que sou um destes. Por isso mesmo decidi caminhar sobre as suas pegadas luminosas daquele momento em diante.




 







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