A Polícia Civil do Piauí prendeu, nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (22), os advogados Juarez Chaves e Flávio Almeida Martins, além da ex-assessora do Governo do Estado, Lucile Moura, suspeitos de integrar um esquema responsável por produzir e disseminar dossiês falsos com o objetivo de intimidar magistrados do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI).
As prisões temporárias, com duração inicial de cinco dias, foram determinadas pelo juiz da Central de Inquéritos de Teresina, que também autorizou buscas e apreensões nas residências dos investigados.
De acordo com a decisão judicial, as medidas incluem a extração de dados eletrônicos, o afastamento do sigilo telemático e o compartilhamento das provas com outras autoridades. A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí (OAB-PI), acompanhou as diligências por envolver profissionais da advocacia.
As investigações apontam que os suspeitos elaboravam denúncias e documentos falsificados para coagir desembargadores e manipular órgãos correcionais, buscando vantagens em processos judiciais.
Um dos episódios relatados à polícia envolve um desembargador que recebeu pessoalmente um dossiê de um dos advogados presos, um dia antes do julgamento de uma apelação em que ele era parte. Segundo o magistrado, o ato foi uma tentativa explícita de intimidação.
As prisões desta quarta-feira fazem parte da segunda fase da Operação Vice-Cônsul, deflagrada após a coleta de novas provas na primeira etapa, realizada na semana passada. Nessa fase inicial, os alvos foram os advogados Henrique Martins e Flávio Martins, que tiveram celulares e documentos apreendidos.
O nome da operação faz referência ao empresário Adailton Maturino dos Santos, preso na Operação Faroeste, na Bahia. Ele se apresentava falsamente como cônsul honorário da Guiné-Bissau e juiz aposentado, para obter influência junto ao Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). O modelo de atuação identificado na investigação baiana teria servido de inspiração para o grupo no Piauí.
Próximos passos
Segundo a Polícia Civil, as apurações continuam para identificar outros possíveis envolvidos e mapear a origem e o financiamento dos dossiês. A corporação afirma que os materiais apreendidos serão periciados e poderão revelar novas conexões com organizações criminosas que atuam em diferentes estados.
“Os documentos produzidos eram falsos e tinham o objetivo de constranger autoridades e influenciar decisões judiciais. É um ataque direto à integridade do sistema de Justiça”, destacou um dos investigadores.
Fonte: Portal AZ