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Copa do Mundo e Política



Em tempos de Copa do Mundo, pesquisando ali e ou acolá, novamente voltam à baila as relações entre dois temas apaixonantes: futebol e política. Existe uma ampla literatura nas Ciências Sociais que revela que, tanto no Brasil como em outros países, a tentativa do poder político de se beneficiar de êxitos esportivos não é exclusiva das ditaduras. Fazendo uma breve retrospectiva da atuação da seleção brasileira em Copas do Mundo, e colocando-a em contexto com o cenário político de cada época, não podemos deixar de lembrar de diversos episódios. Em 1958, no nosso primeiro título, o presidente Juscelino recebeu os campeões mundiais, o que não ajudou, dois anos depois, que o probo e pouco carismático Marechal Lott, candidato governista, conseguisse ser eleito. Em 1962, no bicampeonato mundial, a seleção vitoriosa também foi recebida pelo presidente João Goulart. Nem por isso, também dois anos depois, deixou de ocorrer o golpe militar que o derrubou. 

Na ditadura, houve diversas formas de uso político da seleção, reforçando os slogans patrióticos da época, como ocorreu durante a campanha vitoriosa do estupendo time da Copa de 1970. Poucos se lembram, porém, que em 1966 a seleção foi eliminada já na primeira fase. Mas tal fracasso não impediu o governo de impor o AI-5 no fim de 1968, aprofundando o regime de exceção. A vitória de 1970 deu origem a uma discussão acerca dos efeitos que o esporte, especialmente o futebol, teria tido sobre a política. O que resta ser comprovado é se o “regime” teria “aliviado” a repressão se a seleção não tivesse vencido. Como, aliás, não arrefeceu após a derrota de 1974. Impossível esquecer os assassinatos, no DOI-Codi de São Paulo, do jornalista Vladimir Herzog, em outubro de 1975, e do operário Manoel Fiel Filho, em janeiro de 1976, sem contar o fechamento do Congresso pelo general Geisel no pacote de abril de 1977.

A nova derrota da seleção, em 1978, pouco tem a ver com a abertura lenta, gradual e segura promovida em seguida, assim como a celebrada campanha da seleção de 1982 não impediu que a população se mobilizasse para a campanha das “Diretas, já”, menos de dois anos depois. A derrota da seleção de 1986 tampouco impediu que o governo elegesse todos os governadores, uma vez que os efeitos do Plano Cruzado sobre a política eram bem maiores do que os do futebol. 

Outro fato que chama a atenção é que, a partir de 1994, as eleições presidenciais passaram a coincidir com anos de Copa do Mundo. A particularidade do pleito de 1994 se deu pelo fato de que o Plano Real parecia haver, finalmente, conseguido a estabilização inflacionária tão almejada pela população. Ninguém se esquece que as transmissões da Copa pela TV tentaram enaltecer a nova moeda, mas ninguém, em sã consciência, pode explicar a vitória de FHC pelo tetracampeonato obtido pela seleção. Bem que o candidato vencedor tentou se beneficiar do ambiente de Copa do Mundo. Quem não se lembra de sua sugestão de escalar o então jovem atacante Ronaldinho – como era chamado aquele que depois seria o Ronaldo Fenômeno – no lugar do então execrado (pela imprensa paulista) lateral Branco? Mas a razão da vitória política foi outra que não a conquista do tetra.

Também seria interessante lembrar da conquista de 2002. A festa culminou com as cambalhotas do meia Vampeta na rampa do Planalto, após 25 horas de viagem de avião e mais várias em carros do Corpo de Bombeiros de Brasília. Nem por isso, o candidato governista conseguiu vencer as eleições. Como se sabe, o vencedor do pleito presidencial daquele ano foi Lula, em cujo mandato de oito anos, aliás, a seleção não logrou obter nenhum título, o que certamente não abateu a sua popularidade no período. Da mesma forma, os protestos que exigiram, a partir de junho de 2013, serviços públicos “padrão Fifa”, não impediram a reeleição de Dilma. 

Alguém acredita que uma eventual vitória de Neymar e companhia possa colaborar para  alavancar a popularidade do presidente Temer?

Fonte: FERNANDO AUGUSTO MANSOR DE MATTOS*
* Professor da Faculdade de Economia da UFF e pesquisador visitante na Universidade de Columbia (Nova York)




 







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