O Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou contra o pedido de habeas corpus apresentado pela defesa da vereadora Tatiana Medeiros (PSB), presa preventivamente desde 3 de abril. Segundo parecer do vice-procurador-geral eleitoral, Alexandre Espinosa Bravo Barbosa, a prisão deve ser mantida diante da gravidade dos crimes investigados, como compra de votos, uso de recursos sem origem comprovada e envolvimento com organização criminosa.
O MP aponta risco à instrução processual e tentativa de ocultação de provas por parte da vereadora. As investigações revelaram movimentações financeiras suspeitas em 44 contas bancárias, totalizando quase R$ 10 milhões entre 2023 e 2024. Tatiana é acusada de chefiar um esquema de cooptação de eleitores, que envolvia pagamentos de R$ 100 por voto, feitos via PIX, com recursos supostamente ligados ao tráfico de drogas.
Os valores teriam sido fornecidos por Alandilson Cardoso Passos, apontado como membro da facção Bonde dos 40 e companheiro da vereadora. Durante buscas, a polícia apreendeu R$ 87 mil em espécie na casa da parlamentar e outros R$ 10 mil escondidos em seu escritório. Há também indícios de que Tatiana tentou atrapalhar as investigações ao apagar mensagens trocadas com Alandilson.
Em (12/05), o MPE formalizou denúncia contra Tatiana por corrupção eleitoral (103 ocorrências), organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato, falsidade ideológica e rachadinha. O grupo utilizava a ONG Instituto Vamos Juntos, presidida pela mãe da vereadora, para realizar cadastro ilegal de eleitores, além da distribuição de cestas básicas e promessas de emprego em troca de votos.
O padrasto da vereadora também é acusado de repassar parte do salário da Assembleia Legislativa do Piauí à parlamentar. Ao todo, nove pessoas foram denunciadas. O MP pede a perda do mandato de Tatiana, o bloqueio de bens e o pagamento de R$ 2 milhões por danos à ordem pública. Se condenada por todos os crimes, ela pode pegar até 500 anos de prisão. A Justiça Eleitoral ainda avaliará se aceita a denúncia para dar início ao processo judicial.